quinta-feira, 18 de dezembro de 2014
Sonho das 2h e um pouco de Pixies
Tem sempre tanta coisa
rodando na minha cabeça
Hoje roubaram minhas
telas
E minha chefe desfila
uma saia minúscula
Roubaram minhas telas
Tem uma cidade na lua
Eu vi, tem uma cidade
na lua
Mas eles também me
viram
Eu fui escaneada por
um aparelho estranho
Três ninfas roubaram
minhas telas
Mas fui buscar de volta
E dei três belos
tabefes
Mas eles desceram
Com aquelas pessoas de
plástico
Eles multiplicaram meus
gatos
4 gatos multiplicados
por 8 gatos
E eu não tive medo
Peguei tudo de volta da
sacola
E as três ninfas não
acreditavam no que viam
As telas não era
minhas, nada nunca foi
Mas são da minha chefe
e ela esta indo a um leilão
Estou presa em casa por
seres da lua.
quinta-feira, 4 de dezembro de 2014
O Clube dos Renegados
Eram
discretos. Nas carteiras de identidade não constavam nascimentos
posteriores a 15 de julho de 1996, ano simbólico para o clube, única
proibição pragmática entre os membros. As paredes da pequena
catacumba onde se reuniam eram cobertas de toalhas negras e todas
eram lavadas após o ritual, exterminando possíveis vestígios de
odor. No centro da sala a pedra fundamental de estranho formato
jazia, solene, com seu jovem negro sorridente e um dente lhe faltava
na boca, segundo especulações do clube, local de inserção da
planta sagrada, afim de melhor fixá-la entre os lábios.
A
pedra era quadrada e fina, de um vermelho vibrante e ao lado da
cabeça do garoto lia-se a palavra Pan. Na base, três estruturas em
formato de “cano” continham os três principais mandamentos: para
ser jovem e livre. Para ser másculo e viril. Para ser requintado e
glamouroso. Outros cartazes proibidos encontravam-se espalhados em
torno da pedra fundamental. Um certo Camelo no Egito, o nome do polo
cinematográfico dos EUA, e cada novo membro não contemplado possuía
o direito de ali prestar sua homenagem.
Uma
pequena geladeira no canto, com divisórias largas, continha
champanhe, cervejas finas, licores e outras bebidas nobres, para
harmonizar. Vinhos, Bourbons e Whisky numa estante especial. Cafés
de várias procedências. Acima da geladeira um modelo (pintado a
mão) de uma McLaren delicadamente pousada sobre uma bandeira do
Brasil e um vaso com lírios brancos, sempre viçosos.
As
reuniões eram ilegais. De tempos em tempos algum membro desenvolvia
sinais de enfraquecimento, rouquidão, dificuldade respiratória. O
clube então juntava o valor necessário para o pagamento do
tratamento e prestava as devidas homenagens de preparação para a
feliz exclusão permanente daquela pessoa do clube. Mas a maldição
das 7 tentativas era implacável. Não raro o valor acumulado acabava
pagando seu sepultamento ou cremação.
Eram
considerados párias sociais. Gente indigna de respeito. Assassinos
sádicos e lentos cuja presença soava letal. Seus dentes amarelados
apavoravam as crianças e despertavam asco nos adultos.
Nas
reuniões, pilhas e pilhas de processos com negativas judiciais,
afirmando que o Estado, a indústria, a publicidade não afetam o
livre arbítrio e nada supera a invencível força de vontade humana.
Os tímidos se tornavam eloquentes. Os abstêmios, sempre indignados,
se apoiavam em suas muletas. Os dependentes de químicos pesados
arranhavam a mobília. Os traumatizados balançavam os corpos nos
cantos das paredes. Os ricos, acompanhavam as variações da bolsa de
valores. Os pobres relaxavam após as extenuantes jornadas de
trabalho. Os escritores criavam contos. Os pintores retratavam as
reuniões. As putas, com as pernas abertas em função das dores,
(mas já habituadas as elas) gargalhavam em grupo. Os rebeldes ouviam
rock and roll e discutiam a sociedade. Os ressabiados usavam máscaras
venezianas. Os cirurgiões firmavam os pulsos. Os eventuais elogiavam
a duração de suas carteiras. Os pensadores engendravam suas
teorias. Os jogadores exercitavam o carteado e o xadrez. Os músicos
compunham melodias. Os estressados sentavam nas cadeiras de balanço.
Os advogados, montavam suas defesas. Os que receberam a substância
desde o útero criavam estratégias de diminuição. Os debilitados
mudavam a cor do filtro.
Ao
menor ruído de uma sirene, as luzes eram imediatamente cortadas e
sentia-se um silêncio sepulcral. Como vaga-lumes suicidas, as
pequenas luzinhas se apagavam, todas, de uma só vez.
Divagando sobre a nova lei anti-fumo logo após ser convidada a me retirar do passeio público
Escrever é um ato retardatário. A raiva será contida e analisada para
melhor fluir a ironia. O sonho será revivido e interpretado para melhor
conter as metáforas. O desejo será contido e acariciado para melhor
despertar o poema. O escritor é, por definição, um gestante sem filhos.
Um caçador com olhos de caça. Um predador de dentes afiados... com
grandes caninos vegetarianos.
domingo, 2 de novembro de 2014
Eleições 2014
Meu sagrado inconsciente foi afetado nessas eleições. De pesadelos com Marina Silva à porões onde se vendiam livros de esquerda e gibis raros do homem aranha, vaguei durante noites inteiras buscando respostas, conversando com pessoas malucas e sendo ofendida quanto a minha inclinação para a igualdade geral e irrestrita da galera.
Mas tudo pode piorar. Ontem me vejo dentro de um grupo de apoio para jovens direitistas. Local altamente depressivo onde as pessoas discutiam seus ódios pelos pobres, negros, petistas, nordestinos, programas de assistência social, socialistas, comunistas, balas de goma vermelha, ciclovias, maçãs, cochonilhas etc, etc, e tentavam se apaziguar.
Com fim único de exorcizar esses distúrbios no meu R.E.M. fiz o seguinte desenho, de resultados técnicos absolutamente duvidosos. Espero que cumpra a missão.
A imagem digital abaixo, feita durante o segundo turno, é uma colagem de pesquisas do google ( :P ) onde verifico a profundidade do dano em meu universo onírico. Perseveremos.
terça-feira, 16 de setembro de 2014
Dos enganos de Saint Exupéry
De todas as forças o Amor é considerado a mais potente. O amor de amigo, o amor materno/paterno, o amor apaixonado, o amor divino. Em toda a sua potência não há força mais benigna e, com uma obviedade assombrosa, talvez não exista mais maligna. A perversão do amor cativa, pois que em seu sentido mais romântico o amor repousa em uma bolha que repele críticas, um blindado translúcido que quanto mais denso, mais atratativo.
“- O que quer dizer cativar ?
- Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?
- Procuro amigos, disse. Que quer dizer cativar?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa.
Significa criar laços...
(…)
E eu não tenho necessidade de ti.
E tu não tens necessidade de mim.
Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro.
(…)
Os homens esqueceram a verdade, disse a raposa.
Mas tu não a deves esquecer.
Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.”
Lemos isso aos 10, 11 anos. Desejamos cativar instantaneamente. Criamos e alimentamos o objeto que desperta nosso amor, então, dentro de uma redoma de vidro, cuja blindagem se justifica travestida pelo reflexo da força mais pura de todas. Mas se voltarmos a questão inicial do pequeno príncipe...
O que quer dizer cativar?
Do latim captivare: tornar cativo. Subjugar, sujeitar. Reduzir a cativeiro. Seduzir, encantar.
Esse sentido original de aprisionamento, aos poucos travestido de cuidado, e por fim ressignificado sob o reflexo do Amor, quer saber? FODE a nossa cabeça. Cometemos todo o tipo de crueldade, enganação e criamos relações de dependência no rabo dessa maldita frase. Acreditamos que privar, conter, seduzir para satisfazer o nosso amor adoecido é um gesto dos mais nobres. Atravancamos o curso natural daquilo que mais amamos encantados pelo brilho convexo do cativeiro. Sei que chovo no molhado. Mas o amor, como potência, tem o direito e o dever de DAR NA NOSSA CARA, para que nos coloquemos no lugar de quem está dentro da claustrofóbica, translúcida e brilhante prisão que construímos.
Nosso amor está doente. Quantas são as igrejas, os relacionamentos, os filhos, os animais, os negócios, que te cativam? E tu? Quem cativas?
Não é um cometa passando que vai responder essa pergunta senhor Exupéry.
Em memória de um pequeno tigre liberto.
segunda-feira, 14 de julho de 2014
domingo, 13 de julho de 2014
sábado, 12 de julho de 2014
terça-feira, 8 de julho de 2014
sexta-feira, 4 de julho de 2014
BOAS NOTÍCIAS - Apocalipse news -
http://www.universal.org/noticia/2014/07/01/nasce-novilha-vermelha-que-pode-ser-sinal-do-fim-dos-tempos-30309.html
“Na verdade, o destino de todo o mundo depende
da novilha vermelha, pois suas cinzas são o único ingrediente que falta
para o restabelecimento da pureza bíblica e, portanto, a reconstrução do Templo Sagrado”, afirma um representante da organização israelita Instituto do Templo.
A rara vaquinha comunista (http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2014-06-29/papa-afirma-que-comunistas-sao-os-cristaos-nao-assumidos.html) aguarda, ansiosamente seu sacrifício a fim de que o comuna MOR, volte para tomar o poder na Terra, estatizando toda e qualquer coisa que se refira ao Capital.
Após mil anos de barbárie desenfreada (não se preocupe os comunas estarão protegidos num cubo que flutua sobre a Terra) estará finalmente estabelecido o retorno ao Anarco paraíso e as folhinhas de parreira cairão de nossas genitais vergonhosas. Parabéns aos companheiros que resistiram bravamente aos falsos profetas e a adoração do bezerro de ouro capitalista. Bjs e até lá :D
A rara vaquinha comunista (http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2014-06-29/papa-afirma-que-comunistas-sao-os-cristaos-nao-assumidos.html) aguarda, ansiosamente seu sacrifício a fim de que o comuna MOR, volte para tomar o poder na Terra, estatizando toda e qualquer coisa que se refira ao Capital.
Após mil anos de barbárie desenfreada (não se preocupe os comunas estarão protegidos num cubo que flutua sobre a Terra) estará finalmente estabelecido o retorno ao Anarco paraíso e as folhinhas de parreira cairão de nossas genitais vergonhosas. Parabéns aos companheiros que resistiram bravamente aos falsos profetas e a adoração do bezerro de ouro capitalista. Bjs e até lá :D
quarta-feira, 2 de julho de 2014
domingo, 29 de junho de 2014
terça-feira, 24 de junho de 2014
sexta-feira, 13 de junho de 2014
Entre o canivete e a espada
Com a radicalização
(muitas vezes ignorante) dos protestos no Brasil, a grande frase de
efeito do politicamente correto no momento é “vá protestar na
urna”. Concordo, sempre concordei. Até que ontem me deparei com um
“black bloc instrumental”. Dizia mais ou menos “vá protestar
na urna... piche a urna, quebre a urna, cague na urna, pendure uma
faixa com os dizeres O PETROLÉO É NOSSO, só tome cuidado para não
apanhar do mesário.” Quer saber? Me identifiquei. Repliquei o
conteúdo, ato contínuo apaguei a postagem. O medo é tamanho, que o
medo da urna se instaurou como o pior medo.
Hordas de extrema
direita avançando na Europa e nós aqui, entre o canivete e a
espada. Não dá pra votar nulo, não temos quórum para obrigar a
troca de candidatos. Não dá pra não criticar a centro esquerda
estabelecida no poder,
justamente pela vagarosidade e falta de culhões para as reformas de
base, A BASE que nunca sai do plenário. Mas muito pior que isso, não
dá pra permitir um governo tucano que destrua o que já foi feito,
que venda o que nos resta do pais, que nos foda com um consolo GG.
Agora, a fúria
passional da esquerda, tem sim o direito de criticar e não é com
porrada e perseguição política que vão calar a nossa boca. Não
dá pra ver um Estado omisso jogando pobre pra baixo do tapete. Vai
remover da terra pública? Compra um edifício e realoca as pessoas.
Quer higienizar? Compra produto de higiene pro cidadão sair do
albergue alimentado e limpo. SAIR, com o seu direito de ir e vir
sendo morador de rua ou não. Muda o conceito, oferece oportunidade
de aprendizagem. Não é esmola, é dever constitucional, é dever do
Estado. Fomos comidos pelo pau espinhoso da FIFA, tudo às pressas,
pára tudo pra passar KY. Quando mandar esses estupradores pro raio
que os parta, e curar o tiro no pé que foi essa Copa prum projeto de
país mais igualitário, por favor PT, me surpreenda, crie cotas de
moradia e bolsa despejo. Repito, não é esmola, é redução de
danos, é DEVER DO ESTADO.
Agora, no momento
paranóia justificada, esse texto é uma critica sofrida, quanto a um
projeto de país que ajudei a construir, com o meu voto, com a minha
camisa vermelha com uma estrela amarela costurada a mão. E o medo de
que me venha um comentário de apoio junto com um bicão amarelo?
Infelizmente, não sou dada ao silêncio, e já me estrepei muito por
ter goela de caturrita. Que vontade tenho eu de que isso chegasse aos
olhos da minha conterrânea. Porque temo que a urna acabe mais nociva
que o cassete da polícia na nossa cabeça.
Errata:
Nem com quórum se troca candidatos. Dilma é mineira, eu não sabia.
Errata:
Nem com quórum se troca candidatos. Dilma é mineira, eu não sabia.
segunda-feira, 19 de maio de 2014
quinta-feira, 1 de maio de 2014
João Pessoa
Te
nego meu abraço
para
que não corras o risco
num
golpe saudosista
de
lembrar de mim,
deitada num gole de vinho
na
pista, rindo
da
inconsistência
dos
carros que não existiam.
domingo, 23 de março de 2014
segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014
quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014
Breve resumo político meramente especulativo de uma adolescência simples
Categorias antigas:
a) de cá
b) de lá
c) indecisos interessados
d) auto-intitulados completamente
desinteressados ou “apolíticos”.
Antigos debates:
Clássico: os de cá, contra os de lá.
Interno: os de cá com os de cá,
buscando melhorias; Os de lá com os de lá, buscando melhorias.
Ouvintes: indecisos interessados.
Abstêmios: os desinteressados.
Antigas visões de posturas:
1) De cá: inteligentes e
passionais.
2) De lá: inteligentes, polidos,
limpos, classudos e não-emocionais.
3) Indecisos interessados: pensativos.
4) Apolíticos: andando de bici,
redecorando a casa, pensando na morte da Joana.
Antigos eventos políticos:
Os de cá contra os de lá.
Os
indecisos ouvindo e opinando, testando.
Os apolíticos fazendo as
unhas e jogando um game.
Antigas respostas comuns e não
ofensivas:
De cá: “NÓS AVISAMOS E VAI
PIORAR.”
De lá: “Nós
avisamos e o mercado internacional vai arrefecer.”
Indecisos: “e agora?”
Apolíticos: blá blá
blá (reclamando).
Direito de resposta 1 aos apolíticos
reclamando: "não participa, então não reclama."
Direito de resposta 2 aos apolíticos
reclamando: ( ).
Jesus:
Personagem bíblico. Podia-se crer ou
não.
Hoje, aos 30:
Os de cá: limpos, corretos,
agregadores e fugindo para as montanhas.
Os de lá: estressados, enraivecidos e
babando por todo e qualquer sangue que jorre por aí.
Os indecisos: com medo.
Os apolíticos: detentores da verdade
política absoluta e vociferadores de toda a sorte de opiniões sobre
aquilo que definitivamente não os interessa.
Ah, e o jardineiro é Jesus, no jardim
tem um palanque e as arveres somos nozes.
terça-feira, 4 de fevereiro de 2014
quinta-feira, 16 de janeiro de 2014
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