quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Documentário excelente pra termos a noção do quanto estamos fodidos.

http://vimeo.com/81595447

Sonho das 2h e um pouco de Pixies


Tem sempre tanta coisa rodando na minha cabeça
Hoje roubaram minhas telas
E minha chefe desfila uma saia minúscula
Roubaram minhas telas
Tem uma cidade na lua
Eu vi, tem uma cidade na lua

Mas eles também me viram
Eu fui escaneada por um aparelho estranho
Três ninfas roubaram minhas telas
Mas fui buscar de volta
E dei três belos tabefes

Mas eles desceram
Com aquelas pessoas de plástico
Eles multiplicaram meus gatos
4 gatos multiplicados por 8 gatos

E eu não tive medo
Peguei tudo de volta da sacola
E as três ninfas não acreditavam no que viam
As telas não era minhas, nada nunca foi
Mas são da minha chefe e ela esta indo a um leilão
Estou presa em casa por seres da lua.

 

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

O Clube dos Renegados


Eram discretos. Nas carteiras de identidade não constavam nascimentos posteriores a 15 de julho de 1996, ano simbólico para o clube, única proibição pragmática entre os membros. As paredes da pequena catacumba onde se reuniam eram cobertas de toalhas negras e todas eram lavadas após o ritual, exterminando possíveis vestígios de odor. No centro da sala a pedra fundamental de estranho formato jazia, solene, com seu jovem negro sorridente e um dente lhe faltava na boca, segundo especulações do clube, local de inserção da planta sagrada, afim de melhor fixá-la entre os lábios.

A pedra era quadrada e fina, de um vermelho vibrante e ao lado da cabeça do garoto lia-se a palavra Pan. Na base, três estruturas em formato de “cano” continham os três principais mandamentos: para ser jovem e livre. Para ser másculo e viril. Para ser requintado e glamouroso. Outros cartazes proibidos encontravam-se espalhados em torno da pedra fundamental. Um certo Camelo no Egito, o nome do polo cinematográfico dos EUA, e cada novo membro não contemplado possuía o direito de ali prestar sua homenagem.

Uma pequena geladeira no canto, com divisórias largas, continha champanhe, cervejas finas, licores e outras bebidas nobres, para harmonizar. Vinhos, Bourbons e Whisky numa estante especial. Cafés de várias procedências. Acima da geladeira um modelo (pintado a mão) de uma McLaren delicadamente pousada sobre uma bandeira do Brasil e um vaso com lírios brancos, sempre viçosos.

As reuniões eram ilegais. De tempos em tempos algum membro desenvolvia sinais de enfraquecimento, rouquidão, dificuldade respiratória. O clube então juntava o valor necessário para o pagamento do tratamento e prestava as devidas homenagens de preparação para a feliz exclusão permanente daquela pessoa do clube. Mas a maldição das 7 tentativas era implacável. Não raro o valor acumulado acabava pagando seu sepultamento ou cremação.

Eram considerados párias sociais. Gente indigna de respeito. Assassinos sádicos e lentos cuja presença soava letal. Seus dentes amarelados apavoravam as crianças e despertavam asco nos adultos.

Nas reuniões, pilhas e pilhas de processos com negativas judiciais, afirmando que o Estado, a indústria, a publicidade não afetam o livre arbítrio e nada supera a invencível força de vontade humana. Os tímidos se tornavam eloquentes. Os abstêmios, sempre indignados, se apoiavam em suas muletas. Os dependentes de químicos pesados arranhavam a mobília. Os traumatizados balançavam os corpos nos cantos das paredes. Os ricos, acompanhavam as variações da bolsa de valores. Os pobres relaxavam após as extenuantes jornadas de trabalho. Os escritores criavam contos. Os pintores retratavam as reuniões. As putas, com as pernas abertas em função das dores, (mas já habituadas as elas) gargalhavam em grupo. Os rebeldes ouviam rock and roll e discutiam a sociedade. Os ressabiados usavam máscaras venezianas. Os cirurgiões firmavam os pulsos. Os eventuais elogiavam a duração de suas carteiras. Os pensadores engendravam suas teorias. Os jogadores exercitavam o carteado e o xadrez. Os músicos compunham melodias. Os estressados sentavam nas cadeiras de balanço. Os advogados, montavam suas defesas. Os que receberam a substância desde o útero criavam estratégias de diminuição. Os debilitados mudavam a cor do filtro.

Ao menor ruído de uma sirene, as luzes eram imediatamente cortadas e sentia-se um silêncio sepulcral. Como vaga-lumes suicidas, as pequenas luzinhas se apagavam, todas, de uma só vez. 

Divagando sobre a nova lei anti-fumo logo após ser convidada a me retirar do passeio público

Escrever é um ato retardatário. A raiva será contida e analisada para melhor fluir a ironia. O sonho será revivido e interpretado para melhor conter as metáforas. O desejo será contido e acariciado para melhor despertar o poema. O escritor é, por definição, um gestante sem filhos. Um caçador com olhos de caça. Um predador de dentes afiados... com grandes caninos vegetarianos.

domingo, 2 de novembro de 2014

Eleições 2014

Meu sagrado inconsciente foi afetado nessas eleições. De pesadelos com Marina Silva à porões onde se vendiam livros de esquerda e gibis raros do homem aranha, vaguei durante noites inteiras buscando respostas, conversando com pessoas malucas e sendo ofendida quanto a minha inclinação para a igualdade geral e irrestrita da galera. 

Mas tudo pode piorar. Ontem me vejo dentro de um grupo de apoio para jovens direitistas. Local altamente depressivo onde as pessoas discutiam seus ódios pelos pobres, negros, petistas, nordestinos, programas de assistência social, socialistas, comunistas, balas de goma vermelha, ciclovias, maçãs, cochonilhas etc, etc, e tentavam se apaziguar.

Com fim único de exorcizar esses distúrbios no meu R.E.M. fiz o seguinte desenho, de resultados técnicos absolutamente duvidosos. Espero que cumpra a missão. 


A imagem digital abaixo, feita durante o segundo turno, é uma colagem de pesquisas do google ( :P ) onde verifico a profundidade do dano em meu universo onírico. Perseveremos.


terça-feira, 16 de setembro de 2014

Dos enganos de Saint Exupéry


De todas as forças o Amor é considerado a mais potente. O amor de amigo, o amor materno/paterno, o amor apaixonado, o amor divino. Em toda a sua potência não há força mais benigna e, com uma obviedade assombrosa, talvez não exista mais maligna. A perversão do amor cativa, pois que em seu sentido mais romântico o amor repousa em uma bolha que repele críticas, um blindado translúcido que quanto mais denso, mais atratativo.

“- O que quer dizer cativar ?
- Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?
- Procuro amigos, disse. Que quer dizer cativar?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa.
Significa criar laços...

(…)

E eu não tenho necessidade de ti.
E tu não tens necessidade de mim.

Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro.

(…)

Os homens esqueceram a verdade, disse a raposa.
Mas tu não a deves esquecer.

Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.”

Lemos isso aos 10, 11 anos. Desejamos cativar instantaneamente. Criamos e alimentamos o objeto que desperta nosso amor, então, dentro de uma redoma de vidro, cuja blindagem se justifica travestida pelo reflexo da força mais pura de todas. Mas se voltarmos a questão inicial do pequeno príncipe...

O que quer dizer cativar?

Do latim captivare: tornar cativo. Subjugar, sujeitar. Reduzir a cativeiro. Seduzir, encantar.

Esse sentido original de aprisionamento, aos poucos travestido de cuidado, e por fim ressignificado sob o reflexo do Amor, quer saber? FODE a nossa cabeça. Cometemos todo o tipo de crueldade, enganação e criamos relações de dependência no rabo dessa maldita frase. Acreditamos que privar, conter, seduzir para satisfazer o nosso amor adoecido é um gesto dos mais nobres. Atravancamos o curso natural daquilo que mais amamos encantados pelo brilho convexo do cativeiro. Sei que chovo no molhado. Mas o amor, como potência, tem o direito e o dever de DAR NA NOSSA CARA, para que nos coloquemos no lugar de quem está dentro da claustrofóbica, translúcida e brilhante prisão que construímos.

Nosso amor está doente. Quantas são as igrejas, os relacionamentos, os filhos, os animais, os negócios, que te cativam? E tu? Quem cativas?

Não é um cometa passando que vai responder essa pergunta senhor Exupéry.

Em memória de um pequeno tigre liberto.

sexta-feira, 4 de julho de 2014

BOAS NOTÍCIAS - Apocalipse news -

http://www.universal.org/noticia/2014/07/01/nasce-novilha-vermelha-que-pode-ser-sinal-do-fim-dos-tempos-30309.html

“Na verdade, o destino de todo o mundo depende da novilha vermelha, pois suas cinzas são o único ingrediente que falta para o restabelecimento da pureza bíblica e, portanto, a reconstrução do Templo Sagrado”, afirma um representante da organização israelita Instituto do Templo.

A rara vaquinha comunista (http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2014-06-29/papa-afirma-que-comunistas-sao-os-cristaos-nao-assumidos.html) aguarda, ansiosamente seu sacrifício a fim de que o comuna MOR, volte para tomar o poder na Terra, estatizando toda e qualquer coisa que se refira ao Capital.

Após mil anos de barbárie desenfreada (não se preocupe os comunas estarão protegidos num cubo que flutua sobre a Terra) estará finalmente estabelecido o retorno ao Anarco paraíso e as folhinhas de parreira cairão de nossas genitais vergonhosas. Parabéns aos companheiros que resistiram bravamente aos falsos profetas e a adoração do bezerro de ouro capitalista. Bjs e até lá :D


Desestabilizar é mais tranqüilo do que pintam

A cotiporaneidade não tem limites.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Vidrante

http://vimeo.com/84279493

Entre o canivete e a espada


Com a radicalização (muitas vezes ignorante) dos protestos no Brasil, a grande frase de efeito do politicamente correto no momento é “vá protestar na urna”. Concordo, sempre concordei. Até que ontem me deparei com um “black bloc instrumental”. Dizia mais ou menos “vá protestar na urna... piche a urna, quebre a urna, cague na urna, pendure uma faixa com os dizeres O PETROLÉO É NOSSO, só tome cuidado para não apanhar do mesário.” Quer saber? Me identifiquei. Repliquei o conteúdo, ato contínuo apaguei a postagem. O medo é tamanho, que o medo da urna se instaurou como o pior medo.

Hordas de extrema direita avançando na Europa e nós aqui, entre o canivete e a espada. Não dá pra votar nulo, não temos quórum para obrigar a troca de candidatos. Não dá pra não criticar a centro esquerda estabelecida no poder, justamente pela vagarosidade e falta de culhões para as reformas de base, A BASE que nunca sai do plenário. Mas muito pior que isso, não dá pra permitir um governo tucano que destrua o que já foi feito, que venda o que nos resta do pais, que nos foda com um consolo GG.

Agora, a fúria passional da esquerda, tem sim o direito de criticar e não é com porrada e perseguição política que vão calar a nossa boca. Não dá pra ver um Estado omisso jogando pobre pra baixo do tapete. Vai remover da terra pública? Compra um edifício e realoca as pessoas. Quer higienizar? Compra produto de higiene pro cidadão sair do albergue alimentado e limpo. SAIR, com o seu direito de ir e vir sendo morador de rua ou não. Muda o conceito, oferece oportunidade de aprendizagem. Não é esmola, é dever constitucional, é dever do Estado. Fomos comidos pelo pau espinhoso da FIFA, tudo às pressas, pára tudo pra passar KY. Quando mandar esses estupradores pro raio que os parta, e curar o tiro no pé que foi essa Copa prum projeto de país mais igualitário, por favor PT, me surpreenda, crie cotas de moradia e bolsa despejo. Repito, não é esmola, é redução de danos, é DEVER DO ESTADO.

Agora, no momento paranóia justificada, esse texto é uma critica sofrida, quanto a um projeto de país que ajudei a construir, com o meu voto, com a minha camisa vermelha com uma estrela amarela costurada a mão. E o medo de que me venha um comentário de apoio junto com um bicão amarelo? Infelizmente, não sou dada ao silêncio, e já me estrepei muito por ter goela de caturrita. Que vontade tenho eu de que isso chegasse aos olhos da minha conterrânea. Porque temo que a urna acabe mais nociva que o cassete da polícia na nossa cabeça.


Errata:
Nem com quórum se troca candidatos. Dilma é mineira, eu não sabia.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

João Pessoa


Te nego meu abraço
para que não corras o risco
num golpe saudosista
de lembrar de mim,
deitada num gole de vinho
na pista, rindo
da inconsistência
dos carros que não existiam.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Breve resumo político meramente especulativo de uma adolescência simples


Categorias antigas:

a) de cá
b) de lá
c) indecisos interessados
d) auto-intitulados completamente desinteressados ou “apolíticos”.

Antigos debates:

Clássico: os de cá, contra os de lá.
Interno: os de cá com os de cá, buscando melhorias; Os de lá com os de lá, buscando melhorias.
Ouvintes: indecisos interessados.
Abstêmios: os desinteressados.

Antigas visões de posturas:

1) De cá: inteligentes e passionais.
2) De lá: inteligentes, polidos, limpos, classudos e não-emocionais.
3) Indecisos interessados: pensativos.
4) Apolíticos: andando de bici, redecorando a casa, pensando na morte da Joana.

Antigos eventos políticos:

Os de cá contra os de lá. 
Os indecisos ouvindo e opinando, testando. 
Os apolíticos fazendo as unhas e jogando um game.

Antigas respostas comuns e não ofensivas:

De cá: “NÓS AVISAMOS E VAI PIORAR.”
De lá: Nós avisamos e o mercado internacional vai arrefecer.”
Indecisos: “e agora?”
Apolíticos: blá blá blá (reclamando).
Direito de resposta 1 aos apolíticos reclamando: "não participa, então não reclama."
Direito de resposta 2 aos apolíticos reclamando: ( ).

Jesus:

Personagem bíblico. Podia-se crer ou não.

Hoje, aos 30:

Os de cá: limpos, corretos, agregadores e fugindo para as montanhas.
Os de lá: estressados, enraivecidos e babando por todo e qualquer sangue que jorre por aí.
Os indecisos: com medo.
Os apolíticos: detentores da verdade política absoluta e vociferadores de toda a sorte de opiniões sobre aquilo que definitivamente não os interessa.

Ah, e o jardineiro é Jesus, no jardim tem um palanque e as arveres somos nozes.