terça-feira, 7 de abril de 2020
Duas Luas
Estranhos tempos... Hoje venta muito, ninguém pula na superfície do sol, faz tempo que ele não entra no mínimo do mínimo. Ele vai fazer 25 (idade tensa, mais pra 30 que pra 20). O Homo Sapiens Sapiens encontra-se em confinamento em função de um vírus mortal. Até os Pandas nos zoos voltaram a procriar. Só para fins de registro: tentamos pornografia para Pandas. Pesquise, jovem... essa informação é verídica.
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017
02/02/2017
Apressou o passo na direção da senda e uma enxurrada de alados surgiu às suas costas. O som do vento deslocado era tão forte que mal podia ouvir os próprios pensamentos.
terça-feira, 27 de dezembro de 2016
quarta-feira, 23 de novembro de 2016
Welcome to Vanitas Age
Li, orgulhosa, na portada do
Museu de História Natural e Híbrida.
Um homem feito de material
biológico idêntico ao natural tirava uma selfie diante de um fundo de chroma
key. A cachoeira que borbulhava vida às suas costas evidenciava a enorme
distância entre o programador da imagem e o ilustrativo tempo histórico que
buscava alcançar, não pela exatidão em representar as múltiplas espécies cuja
extinção se dera em meados do século XXI, mas pela inabilidade em imaginar seus
biomas originais.
A sala era ampla e a competente
museógrafa visivelmente havia se esforçado em traçar alguma unidade de sentido.
Do lado do “Homem Selfie”, recuado alguns metros, pendia do teto baixo um Caravaggio
representando Narciso. De costas para a pintura jazia uma “Eva” dissecada.
Milimetricamente suspensas sobre seu corpo todas as possíveis aplicações do
silicone estético. -Preciso tornar essa ala tátil, pensei.
Bem no centro da sala uma grande macieira
composta por nano computadores sustentava a rede neural do complexo Vanitas Age. Era possível ao
visitante recolher uma maçã baseada no design da antiga “Apple” e visualizar um
imenso código binário em sua superfície. Não era permitido comê-la, óbvio. Como
toda essa parte que tratava do homem e das extinções em massa me entristecia muito, rumamos para um
corredor holográfico onde o apocalipse de João era representado, alternando-se
as famosas pinturas de El Greco e imagens das catástrofes climáticas de 2020. Ao
fundo, um palanque estilo USA 2016, uma balança de cobre, uma antiga TV sólida
e uma urna eleitoral. Todas as peças
tombadas sob uma enorme cruz de carvalho que inclinava-se sobre o espectador.
Projetada na parede, atrás da cruz, a transmissão holográfica histórica da
volta do Messias em diversas partes do mundo. Esse era o aspecto da antessala
da designada “Nova Ordem” –Constituição Universal Humana-.
-A era do “homo traquinas sem recheio”...- falamos ao mesmo tempo sorrindo com
tristeza.
- “Vanitas Age”, gostou do nome?
Abriu totalmente o obturador das
lentes de contato.
-Não. O homo traquinas não entenderia.
-Ah, por favor... Pelo menos me
deixe abusar do latim.
segunda-feira, 3 de agosto de 2015
Das latências burguesas
Lentamente, os dias
vazios ficavam maiores. Gigantes comedores do tempo, enormes seres
brancos como borrachas. Das linhas, dos desenhos que a memória
produz, aprende-se, em contemplação, que o tempo é colorista,
artista hábil que imagina, recria, embeleza. Mas os dias -esses
vilões interessantes- são potência e latência, invólucros vazios
que enchemos de trabalho. Enormes entidades brancas em vestes de
preguiça, gula, despropósito.
Focada na revolução
que jamais vivenciou de fato, desfoca, devaneia. Nunca havia
pensado a Liberdade, nunca seriamente. Agora, atrás dos Gigantes, no
campo colorido do tempo, se revolta a terra. Do atrito das placas
crânianas, emergem montanhas. As ações, as reações foram
defloradas. A tal Liberdade pulsa, permeia, cospe lava vulcânica
escondendo o horizonte: desafio cravado no plano, tão alto quanto de
difícil acesso.
Tremem os dias diante
das montanhas. O tempo chora e ri pois que se instaura um espetáculo.
Uma brisa leve acaricia o rosto e sussura: “escale, contemple... é
chegada a hora da degola, que rolem as cabeças”.
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015
Desenhinho educativo: A Revolução dos Bichos (Animal Farm - 1954) de George Orwell
Quando os ideais são traídos.
O romance Animal Farm de George Orwell publicado originalmente em 1945 começa com uma verdadeira revolução e demonstra as consequências da traição de alguns dos ideais fundamentais que deveriam nortear uma sociedade. Apresenta, em linguagem satírica, as estruturas de violência e persuasão, físicas e psicológicas que amparam aqueles que visam o benefício próprio quando em situação de poder. Aborda a necessária distinção entre Estado e governo, o modus operandi da política degradada, questões como a pena de morte e a transformação "sutil" dos ideais de igualdade em exploração perversa e gradual. Uma aulinha de política cheia de fecundas reflexões baseada no romance de Orwell. Vale a pena.
quinta-feira, 18 de dezembro de 2014
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