Quando nos deparamos com uma grande experiência coletiva, vivida em infinitos níveis por cada indivíduo, nos perguntamos: como traduzi-la? Qual é o fator de indizibilidade de algo a ponto de concretizar-se como arte?
No momento em que arte e questões sociais se confundem de modo indissociável, não há como analisar um discurso artístico por um viés ou outro. A arte é uma forma de conhecimento humano que comunica e tem a liberdade de tomar para si todo e qualquer assunto, tanto material quanto imaterial, interno ou externo, coletivo ou individual, temporal ou atemporal. O artista, porém, é um produtor localizado, no sentido de que existe em determinado tempo e contexto. Não pretendo aqui, portanto, discutir valores artísticos/estéticos, mas sinalizar a importância de certas manifestações que, oriundas da vontade do artista, extravasam os conceitos da arte, vertendo para a sociedade interessantes reflexões sobre si mesma.
No momento em que arte e questões sociais se confundem de modo indissociável, não há como analisar um discurso artístico por um viés ou outro. A arte é uma forma de conhecimento humano que comunica e tem a liberdade de tomar para si todo e qualquer assunto, tanto material quanto imaterial, interno ou externo, coletivo ou individual, temporal ou atemporal. O artista, porém, é um produtor localizado, no sentido de que existe em determinado tempo e contexto. Não pretendo aqui, portanto, discutir valores artísticos/estéticos, mas sinalizar a importância de certas manifestações que, oriundas da vontade do artista, extravasam os conceitos da arte, vertendo para a sociedade interessantes reflexões sobre si mesma.
Entreguei a você meus mais sinceros desejos, ambições e medos, se apresentou como uma grande anomalia dependurada no centro histórico da cidade de Porto Alegre. Anomalia que incita a uma discussão ainda obscurecida, sobre a seriedade, as causas e as conseqüências da ditadura militar no recente processo histórico brasileiro. Discussão ausente não só no Rio Grande do Sul mas no país, onde menos se fala sobre o assunto, tanto no que diz respeito à sociedade quanto no que se verifica nas mostras de arte locais. Uma rápida observação nas edições da Bienal do Mercosul, uma das mostras mais significativas do estado, já fornece uma pista dessa constatação. Basta atentar para o número de obras que tratam insistentemente das ditaduras militares de países vizinhos, versus a estranha ausência igualmente insistente da mesma temática em obras de arte mais recentes1, de autoria dos brasileiros, notadamente no que diz respeito aos recortes curatoriais das Bienais do Mercosul.