segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Das latências burguesas


Lentamente, os dias vazios ficavam maiores. Gigantes comedores do tempo, enormes seres brancos como borrachas. Das linhas, dos desenhos que a memória produz, aprende-se, em contemplação, que o tempo é colorista, artista hábil que imagina, recria, embeleza. Mas os dias -esses vilões interessantes- são potência e latência, invólucros vazios que enchemos de trabalho. Enormes entidades brancas em vestes de preguiça, gula, despropósito.

Focada na revolução que jamais vivenciou de fato, desfoca, devaneia. Nunca havia pensado a Liberdade, nunca seriamente. Agora, atrás dos Gigantes, no campo colorido do tempo, se revolta a terra. Do atrito das placas crânianas, emergem montanhas. As ações, as reações foram defloradas. A tal Liberdade pulsa, permeia, cospe lava vulcânica escondendo o horizonte: desafio cravado no plano, tão alto quanto de difícil acesso.

Tremem os dias diante das montanhas. O tempo chora e ri pois que se instaura um espetáculo. Uma brisa leve acaricia o rosto e sussura: “escale, contemple... é chegada a hora da degola, que rolem as cabeças”.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Desenhinho educativo: A Revolução dos Bichos (Animal Farm - 1954) de George Orwell

Quando os ideais são traídos.


O romance Animal Farm de George Orwell publicado originalmente em 1945 começa com uma verdadeira revolução e demonstra as consequências da traição de alguns dos ideais fundamentais que deveriam nortear uma sociedade. Apresenta, em linguagem satírica, as estruturas de violência e persuasão, físicas e psicológicas que amparam aqueles que visam o benefício próprio quando em situação de poder. Aborda a necessária distinção entre Estado e governo, o modus operandi da política degradada, questões como a pena de morte e a transformação "sutil" dos ideais de igualdade em exploração perversa e gradual. Uma aulinha de política cheia de fecundas reflexões baseada no romance de Orwell. Vale a pena.