quinta-feira, 30 de agosto de 2012

TPM uma reflexão


Todos os 24 dias de todos os meses ela tenta ser conciliadora. Aguenta, no melhor estilo ZEN da montanha, um infinito de bobagens. Não trata com desprezo ninguém. Sorri para as pessoas que precisam de sorrisos, tolera, calada, pequenas farpas e negligências. Busca acalmar quem está nervoso, busca excitar a mente de quem está deprimido.

Pensa na dualidade do mundo, sente a falta de sentimento no pensar. Olha quantas coisas poderiam ser evitadas, quantas poderiam ser feitas, como tudo poderia ser melhor. Frustrada, pois trabalho de formiga cansa e esse tipo de coisa importante não paga as contas, aduba, bem dentro, a ideia de que se desistisse e simplesmente ligasse o fo-da-se, só estaria sendo mais uma babaca entre milhões.

VINTE E QUATRO DIAS DE TODOS OS MESES É MULHER. Aguenta piadas machistas. Aguenta pensamentos machistas, aguenta sistemas machistas, aguenta religiões machistas, aguenta fêmeas valorosas-honradas-machistas.

Quatro dias de todos os meses desde que tornou-se apta a ser consumida como produto de prazer de um homem, com a devida honraria que toda a família de bem deve oferecer sua carnosa produção para a sociedade, ela desce da montanha. Desce correndo, vomitando pela abençoada e impura rachadura no meio de suas pernas, nada mais nada menos que sangue. Escuta do mundo, como esse fluído é asqueroso, usa fraldas para escondê-lo, deve resguardar sua podridão do olhar alheio.

Aceita.
Avisa.
Pede paz.
Não é ao menos levada a sério.
Explode.

Recebe então o seguinte diagnóstico: “Acho sinceramente que devias procurar tratamento, tua TPM está indo além da conta, vai acabar te prejudicando.”

E sobe a montanha.

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